Flamengo e Palmeiras avançam para oferecer serviço de banco digital – Notícias


O movimento dos clubes brasileiros de futebol em direção à financeirização se fortaleceu nos últimos anos. Desde 2019, quando a Caixa Econômica Federal parou de patrocinar as equipes, parcerias com bancos digitais passaram a ser comuns.


De todos os 20 times da Série A do Campeonato Brasileiro 2023, 11 já têm alguma parceria concreta com alguma instituição financeira que vai além do patrocínio na camisa.


No começo deste ano, o Flamengo recebeu autorização do Banco Central para gerenciar o próprio banco digital. É um acontecimento inédito na América Latina.


O serviço é feito através do sistema BRB, banco estatal do Distrito Federal. No novo acordo firmado com a organização, o Rubro-Negro fica com 50% do lucro ou do prejuízo.


O Flamengo tem parceria com a instituição desde 2020, quando a empresa passou a patrocinar a camisa rubro-negra e oferecer opção de banco digital com a marca flamenguista.


Segundo Ivan Martinho, professor de marketing esportivo na ESPM, porém, não haverá mudança em relação ao que já era feito pela parceria entre o BRB e o Mengão.


“O fato do banco agora ter a autorização na prática faz com que ele tenha um CNPJ diferente, mas já funcionava como uma unidade de negócios dentro do BRB antes disso”.


O especialista, em contato com dirigentes do clube carioca, complementa que o “Banco BRB/Flamengo já existia com 3 milhões de clientes”.


BMG e Palmeiras


O Banco BMG é quem mais possui relações comerciais no esporte mais popular do país. A instituição tem parceria com: Atlético-MG, Ceará, Corinthians e Vasco.


Nesses casos, o torcedor ganha um cartão personalizado do seu time do coração, bônus ao indicar amigos ao banco e pode participar de sorteios de camisas oficiais.


“A gente chama isso de ‘white label’. Toda a operação é feita pelo banco, ainda que seja com a cara, com a carinha do clube”, explicou Ivan Martinho ao R7.




Mais recentemente, o Palmeiras anunciou o próprio serviço bancário, em parceria com a Pefisa, do grupo das lojas Pernambucanas. O produto também se encaixa na categoria ‘ white label’, citada por Martinho.


No entanto, os benefícios vão além dos prêmios do BMG, como participações em sorteios. A ferramenta fornece benefícios exclusivos aos palestrinos.


“O torcedor Palmeiras Pay tem acesso a vantagens exclusivas dentro do ecossistema do clube, como descontos e parcelamentos especiais em compras on-line na Palmeiras Store e gratuidade de um a seis meses no programa Avanti”, disse o Verdão em contato com o R7.


A plataforma dá direito a um cartão de crédito e débito Elo para os beneficiários. Além disso, o banco digital palmeirense pretende possuir, em breve, opções de investimentos e consórcio.


O Palmeiras Pay é diferente do Nação BRB Fla. Por um lado, a operação do serviço depende totalmente da Pefisa. Por outro, o clube paulista fica livre de “qualquer risco” envolvendo o negócio.


“O Palmeiras Pay é um projeto de licenciamento de marca – a operação é desenvolvida pela Pefisa, braço financeiro das Pernambucanas. Trata-se, portanto, de um negócio sem qualquer risco para o clube, que trabalha com o objetivo de integrar inteiramente o ecossistema Palmeiras ao seu projeto de banking, criando uma experiência inédita no futebol brasileiro”, afirmou o time alviverde à reportagem.




Impacto no sistema bancário


Na visão de Luís Carlos Berti, professor de economia na ESPM, o movimento dos clubes em direção aos bancos digitais segue atual tendência do mercado.


“A gente já tá vivendo basicamente um boom de mercado financeiro digital. Hoje tem bancos como Nubank, C6, etc, que não têm agência física. Você faz tudo pelo app. Os bancos comerciais estão tentando se adaptar porque esses bancos digitais eles não cobram tarifa, na grande maioria deles”, declarou o economista ao R7.


Ainda, Berti explicou que as instituições financeiras digitais lucram quando o usuário utiliza o cartão de crédito ou débito: “Consequentemente, com isso, eles vão ganhar em cima daquilo que for comprado e movimentado pelo cartão”.


Já de acordo com Martinho, o impacto da chegada dos times ao sistema bancário brasileiro. Porém, ele diz torcer para que dê certo.


Além disso, Ivan Martinho acredita que, se Flamengo e Palmeiras tiverem sucesso, a financeirização dos clubes passa a ser um caminho natural.


“É um caminho a ser ampliado, uma vez que esses pioneiros mostram que está funcionando. Sem dúvida nenhuma. É uma possibilidade que vai começar a ser explorada por talvez os dois maiores clubes do Brasil, hoje em dia, o Palmeiras e o Flamengo, pelo menos (em termos de) resultado tem sido uma predominância gigantesca”.


De forma semelhante, Luis Carlos Berti acredita que os times de futebol no Brasil entrando no sistema bancário é um caminho natural.


“Até para o clube ter uma gestão mais eficiente, seria interessante ele ter uma parceria com uma instituição financeira, para que ele possa naturalmente obter o maior retorno possível”, completou.


Potencial dos clubes


Ivan Martinho argumenta que os times de futebol têm uma “oportunidade” em faturar com serviços desse gênero porque são consumidores mais leais.


“A gente sempre fala em marketing esportivo que os clubes têm uma condição única, porque dificilmente alguém muda de time. A pessoa nasce e morre torcendo para o mesmo time, são raras as exceções. Dificilmente há outro produto que tem a condição de acompanhar um ser humano durante a vida toda dele”.


Segundo ele, essa característica faz com que os torcedores consumam produtos do clube com maior regularidade. Por outro lado, isso não ocorre com veículos, por exemplo, já que as pessoas trocam de carro com frequência.


“Você muda de carro, muda de casa muda de marca de roupa, muda disso de escola, muda de faculdade… Clube, não”, completa Martinho.


*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Vinhas





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