São Paulo, Brasil
A lógica do presidente Rodolfo Landim foi simples.
E repetiu 2021.
O mesmo ar de decepção dominou a Gávea.
Landim não gostou de ouvir de Jorge Jesus, que ele não abandonaria o clube que está dirigindo para voltar ao Flamengo, em um momento no qual há, no entender do presidente, a necessidade imediata de um treinador.
A atuação vergonhosa na derrota contra o Maringá, por 2 a 0, última na quinta-feira, foi a desculpa perfeita para acabar a espera pelo português, que mais uma vez reinterou que não sairia do Fenerbahçe antes da final de junho, quando acaba seu contrato.
E que não adiantaria a direção do clube carioca pagar a sua multa de R$ 6 milhões, porque ele não anteciparia a volta ao Brasil.
A postura se juntou ao medo profundo de Landim de fracassos na Libertadores, no Brasileiro e na Copa do Brasil, enquanto esperasse por Jesus.
A direção do Flamengo, que já havia deixado Jorge Sampaoli como plano B, decidiu agir.
E a mando de Landim, o vice de futebol, Marcos Braz tratou de marcar um encontro com o representante do treinador argentino no luxuoso hotel Windsor Barra Hotel, no Rio de Janeiro. E lá foi sacramentado, ontem à noite, o contrato até o final de 2024, de Sampaoli com o Flamengo.
O técnico, que está na Espanha, acompanhou toda a negociação e deixou clara a sua intenção de comandar o elenco milionário imediatamente.
Ele deverá estar no Maracanã, para acompanhar Flamengo e Coritiba.
E assumir na segunda-feira, comandando o time diante do Ñublense, pela Libertadores.
Sampaoli não faz um trabalho com vitória de enorme relevância desde 2015, quando venceu a Copa América comandando o Chile.
Depois de cinco anos, venceu o Mineiro, com o Atlético.
Ele começou a ganhar espaço no noticiário internacional graças aos títulos que ganhou com a Universidad do Chile, onde venceu três Campeonatos Nacionais e uma Copa Sul-Americana, em 2011.
Assumiu o Chile, com ótima passagem, depois foi para o Sevilla. E foi muito mal como treinador da Argentina, na Copa do Mundo de 2018.
Passou pelo Santos, Atlético Mineiro, Olimpique de Marseille e Sevilla, criando mais expectativa do que conseguindo resultados importantes.
A reação nas redes sociais não foi de entusiasmo.
Muito pelo contrário.
O sentimento é de decepção.
A volta de Jesus, que fez um trabalho excepcional em 2019 e 2020, era esperada com enorme ansiedade.
Nos bastidores, há a certeza que a contratação de Sampaoli foi uma exigência do próprio presidente flamenguista, Landim.
O dirigente não tem o mesmo apreço que o vice de futebol, Marcos Braz.
Landim, até hoje, não se conformou com a demissão de Jesus em 2020, logo após ter renovado seu contrato.
A chegada de Sampaoli pode se tornar um grave problemas para jogadores que estão falhando constantemente na Gávea.
O principal deles é David Luiz, zagueiro que fará 36 anos daqui a uma semana. Tem mostrado falta de força física e velocidade em várias partidas seguidas, falhando, não passando segurança aos companheiros e nem à torcida.
Mas pode deixar de ser ‘intocável’ com a chegada de Sampaoli, por adotar um esquema de muita intensidade, com o time adiantado, muitas vezes deixando os zagueiros expostos a contragolpes.
O treinador argentino não se rende a jogadores importantes que não estejam rendendo.
Vale lembrar que há dois anos, ele pediu David Luiz no Olympique de Marseille. Mas a decadência técnica do jogador é evidente.
Sampaoli trabalhou com Gerson, Pulgar, Bruno Henrique, Marinho e Vidal, que foi um líder na Seleção Chilena. Não será surpresa caso se torne um dos principais titulares do Flamengo.
O treinador tem uma relação importante com o Rio de Janeiro.
Possui casa em Búzios.
Ou seja, sabe muito bem o que encontrará.
Jorge Jesus mais uma vez não voltou à Gávea.
Por decisão exclusiva de Rodolfo Landim.
Foi ele quem não quis esperar o português até o fim de maio…