A Vila Belmiro vazia (não) viu um duelo entre dois times sem muitas pretensões no Brasileiro: o Flamengo, que joga por vaga na Sul-Americana, e o Santos, que briga para escapar de um inédito rebaixamento. E pelo menos no tempo final até que aconteceu uma peladinha animada, bem descontraída, no qual as falhas costumeiras dos times proporcionaram oportunidades bizarras de gol, tanto que três deles surgiram, permitindo a vitória – 3 a 2 – de um Flamengo fantasiado para o Baile do Magnólia, de Petrópolis, ali no Bingen.
Sul-Americana? Sim, um time treinado pelo xerife de Santa Fé, que toma de 4 a 0 do Bragantino sem tocar na bola, não pode ganhar nada. A propósito: há agora um canal que mostra jogos da Série C, e sábado tivemos um confronto, queiram crer, mais emocionante: Manaus 3 x 3 Confiança. Você, que não acompanhou, perdeu, caro playboy. Ao término do racha, a pergunta que desafia o planeta: quando Everton Cebolinha conseguirá driblar um lateral?
Flamengo e o primeiro tempo sonolento
Foi um primeiro tempo medíocre. O Flamengo conseguiu a façanha de trocar eventualmente dois ou três passes, e o Santos, com receio da derrota, jogou recuado, apostando em contra-ataques. Mais presente próximo da área paulista, o time do Rio fez 1 a 0, quando Éverton Cebolinha apanhou uma sobra e bateu no canto direito. Mas, como faz habitualmente, pecou atrás. Em jogada de velocidade, Soteldo foi levando com tranqüilidade, após falha de Wesley, e rolou para Mendoza, sem marcação, escorar sem defesa: 1 a 1.
É provável que o torcedor que viveu algumas emoções ao longo do domingo – quem sabe meia dúzia de cervejas – tenha cochilado gostoso. Quem sabe deixando pender aquela baba bovina do canto da boca, o que lhe rendeu uma bronca injusta da patroa. No intervalo, gatinhos gordos e preguiçosos projetaram um fim de semana sem altercações. Isso pela punição ao clube praieiro. E deixavam evidente o aborrecimento com as luzes da Vila acesas e o movimento de jornalistas que cobriam a partida. E lembrar que Flamengo e Santos fizeram, em 1983, o jogo de maior público de toda a história do Campeonato Brasileiro , com quase 156 mil pessoas no Maracanã.
Na etapa final…
Nenhuma mudança para o tempo final. O Flamengo com a posse da bola, e o Santos atrás. Mas o cidadão que dormiu com satisfação ao longo da etapa inicial, já não teve tanta paz. Afinal, em sete minutos surgiram dois gols. Gérson cruzou para Éverton Ribeiro testar com sucesso à esquerda de João Paulo aos quatro minutos, e Rodrigo Fernandez apanhou o rebote de Matheus Cunha na sequência, após cabeçada de Messias. Os gatinhos também não puderam mais desfrutar de calmaria, pois Erick Pulgar voltou a balançar as redes, em chute colocado, em outro passe de Gérson: 3 a 2. Aos 17, o Andarilho de Rosário trocou Victor Hugo – sim, ele entrou em campo! – e Éverton Ribeiro por Thiago Maia e Arrascaeta. E na sequência, substituições em penca animaram a pelada, deixando o resultado indefinido, pois erros grosseiros justificavam o comentário de abertura do texto,
Lei do ex?
Quando Bruno Mezenga entrou, aos 37, um frio percorreu a espinha dos rubro-negros. “Ele vai marcar gol no Flamengo”, tremeram os mais experientes. O Flamengo ama situações exóticas. Mas a coisa acabou sem um castigo desses. Tomar de quatro do Bragantino, com 37 finalizações do adversário, teria sido o bastante. Ou será que não? Aguardemos, pois, os próximos capítulos.