O Threads pode ser uma ameaça real ao Twitter?


Novo aplicativo da Meta se beneficia de seus mais de 1 bilhão de seguidores no Instagram. Entenda Novo aplicativo da Meta se beneficia de seus mais de 1 bilhão de seguidores no Instagram
Reuters
Dez milhões de usuários nas primeiras sete horas.
Esse é o número de pessoas que já se inscreveram no Threads, o novo aplicativo desenvolvido pela Meta, dona do Facebook e do Instagram, para concorrer com o Twitter.
O anúncio foi feito pelo CEO da Meta, Mark Zuckerberg.
O aplicativo parece quase idêntico ao Twitter: o limite de caracteres, a repostagem, o feed. É tudo incrivelmente familiar.
Esse número significativo de novos usuários do Threads, poucas horas depois de seu lançamento, se dá em parte porque ele está conectado ao Instagram.
Isso porque uma funcionalidade do Instagram proporciona ao usuário, tão logo ele se inscreve no Threads, a opção de “seguir todos” aqueles que ele já segue no aplicativo de fotos e vídeos.
Essa opção oferece uma lista de seguidores pronta — mas essa lista pode crescer à medida que os seguidores que você tiver no Instagram se inscreverem no Threads.
Trata-se de uma jogada inteligente de Zuckerberg, uma prova de como as grandes empresas de tecnologia têm vantagens enormes sobre as menores.
A Meta não está criando um aplicativo do zero. A gigante de tecnologia está se beneficiando de seus mais de 1 bilhão de seguidores no Instagram, que estão dando uma grande injeção de ânimo à nova empreitada.
Vale lembrar que plataformas como Bluesky e Mastodon não tinham esse luxo; elas começaram sem usuários.
Mas se isso é “justo” ou não, Zuckerberg não se importa. Ele copiou outros aplicativos antes com grande sucesso (Reels é um clone do TikTok) e acabou de fazer isso novamente.
Conhecendo o poder de atração de celebridades, Zuckerberg também utilizou celebridades no Instagram e conseguiu convencer algumas delas a se inscreverem no Threads, como a cantora colombiana Shakira e o chef britânico Gordon Ramsay.
Lançamento de novo aplicativo é o capítulo mais recente da rivalidade entre os proprietários da Meta, Mark Zuckerberg, e do Twitter, Elon Musk.
GettyImages
Zuckerberg está visivelmente entusiasmado com o burburinho em torno do aplicativo. Quando se trata de mídia social, tudo depende do chamado do “efeito de rede”. Ou seja, quanto mais pessoas usarem o aplicativo, melhor ele será.
Esse “efeito de rede” pode criar uma espécie de ponto de inflexão. Quando muitos de seus amigos ou pessoas que você deseja acompanhar estão em uma determinada plataforma, você se sente compelido a participar dela.
É muito, muito difícil criar um efeito de rede em uma plataforma de mídia social. Mas quando funciona, realmente funciona.
O inverso também é verdadeiro: quando as comunidades saem de uma plataforma de mídia social, elas podem fazer isso rapidamente — e isso pode ser devastador. Exemplos disso são o Myspace ou o Bebo.
E em relação aos problemas do Threads?
O principal, neste momento, é que o aplicativo tem um único feed.
O Twitter, por sua vez, tem um feed de recomendações e uma opção apenas para ver os tuítes das pessoas que você segue.
Já o Threads tem um feed que combina seus seguidores e o conteúdo que ele acha que você deseja. Isso gerou reclamações de alguns usuários. Além disso, o aplicativo também não funciona bem em computadores, o que é uma vergonha.
Não parece haver nenhuma informação do que está em alta (o chamado trending topics no Twitter), por isso é difícil ver o que está viralizando.
Não há uma função de mensagem direta — algo que o Twitter tem.
E quando se trata de verificação, os usuários ainda podem comprar seus selos de verificação azul por uma taxa mensal, assim como no Twitter.
Embora muitas pessoas tenham se inscrito no Threads, e seu lançamento pareça ter gerado um buzz significativo, ele ainda é muito menor do que o Twitter.
Suas postagens provavelmente não terão grande alcance ou serão vistas por tantas pessoas (ainda que o aplicativo tenha sido lançado há apenas algumas horas).
Zuckerberg descreveu o aplicativo como uma “versão inicial” — e essa é, de fato, a primeira impressão de que se tem dele. Faz bem o básico.
Mas este é um aplicativo que não desperta muitas emoções no momento.
Dito isso, o CEO da Meta ficará maravilhado com o que aconteceu até agora. Considerando os anos de má fama que teve recentemente, ele está se reinventando como o adulto na sala — o bilionário sensato da tecnologia que deseja uma plataforma de mídia social amigável.
É possível dizer que isso irritou Elon Musk, dono do Twitter. “Graças a Deus eles são administrados com tanta sanidade”, tuitou Musk sarcasticamente na segunda-feira (3/7).
Mas se Zuckerberg estava nervoso com o fato de usuários insatisfeitos do Twitter rejeitarem o novo aplicativo da Meta, até agora, parece que esses temores eram infundados.
E se for esse o caso, com um aplicativo que funciona perfeitamente bem, se não espetacularmente, isso pode ser um problema real para Musk.

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