De hambúrgueres a motos de brinquedo: as compras inusitadas que crianças fazem pelo celular dos pais


“Serasa kids” foi assunto bastante comentado no Twitter nesta semana, após relato de menino que gastou R$ 28 mil da conta da mãe; especialista indica não deixar cartão de crédito cadastrado no celular. Crianças fazem compras inusitadas pelo celular dos pais
Reprodução/TikTok – Pramod Kumar/Arquivo pessoal – Reprodução/Facebook
Mais de R$ 18 mil em motos de brinquedo, um jipe infantil e botas de cowboy. Quase R$ 5 mil em camarões, sanduíches de frango e batata frita, sem que haja qualquer evento ou motivo especial. Já pensou?
Nos últimos anos, histórias de crianças que fizeram encomendas inusitadas pelo celular dos pais repercutiram nas redes sociais.
E nesta semana, o assunto voltou a ter destaque após uma mulher relatar no Twitter que o filho de 10 anos gastou R$ 28 mil no cartão dela.
Conforme um print que circula na plataforma, ela publicou que vai cobrar o menino quando ele estiver trabalhando, e o assunto “Serasa kids” repercutiu entre os usuários.
As situações podem até gerar memes na web e boas risadas da família, mas dependendo do caso, provocam um prejuízo irreversível.
Veja abaixo exemplos do que crianças já compraram pelo celular sem que os pais soubessem e, em seguida, dicas para prevenir essas compras indesejadas.
Motos, jipe e botas de cowboy 🏍️
Recentemente, repercutiu nas redes sociais a história de uma menina de 5 anos que gastou US$ 3,7 mil (aproximadamente R$ 18 mil) em compras na Amazon.
Pelo celular da mãe, a pequena Lila encomendou dez motocicletas de brinquedo, um jipe infantil e dez botas femininas de cowboy. A família mora em Westport, Massachusetts, nos Estados Unidos.
Lila encomendou dez motos de brinquedos em aplicativo pelo celular da mãe
TikTok/Reprodução
Jessica Nunes relatou à WJAR, afiliada à rede de televisão americana NBC, que só percebeu a compra quando recebeu um e-mail dizendo que seus pacotes haviam sido enviados.
A mãe contou que foi possível cancelar parte dos envios, mas que alguns produtos já haviam saído para entrega. Mesmo assim, ela conseguiu pedir a devolução dos objetos e disse que usou a situação para ensinar a filha.
“Eu disse a ela que, talvez, se ela agisse bem, se comportasse e fizesse as tarefas domésticas, poderíamos conseguir uma bicicleta mais adequada para sua faixa etária”, afirmou Jessica à NBC.
Sobre o assunto, a Amazon Brasil comentou que “conta com mecanismos para bloquear compras suspeitas e que fogem dos seus padrões de compra”. “Além disso, oferecemos aos nossos clientes a conveniência de devolver suas compras de maneira fácil e rápida”, disse.
Poltronas e suportes de plantas 🪴
No caso de Massachusetts, Lila comprou as motos de brinquedo “porque queria uma”, conforme relatou à imprensa americana. Mas qual o interesse de uma criança em poltronas e suportes de plantas?
Em janeiro de 2022, um menino de apenas dois anos gastou quase US$ 2 mil (cerca de R$ 10 mil atualmente) em móveis!
Criança pede US$ 2 mil em itens do Walmart pelo celular da mãe
A mãe do garoto, Madhu Kuma, tinha adicionado vários itens a seu carrinho virtual no site de uma loja, e ele apertou, sem querer, um botão no celular que confirmava a compra.
Madhu contou à NBC que ela e o marido só descobriram o que o pequeno Ayaansh fez quando várias caixas começaram a chegar à casa deles, em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
Camarões, saladas e sanduíches de frango 🍤
Você já gastou R$ 5 mil em um aplicativo de comida? Um menino de 6 anos, morador da cidade de Chesterfield Township, nos Estados Unidos, já!
Mason Stonehouse, de 6 anos, usou o celular do pai e gastou mais de R$ 5 mil em pedidos de comida
Kristin Stonehouse via AP
Mason Stonehouse pegou o celular do pai, dizendo que queria brincar com um jogo eletrônico, mas acabou pedindo comida em vários restaurantes. Keith só percebeu o que o filho havia feito quando as entregas começaram a chegar.
Ele pediu camarões, saladas, shawarma (prato árabe), sanduíches de frango pita, batatas fritas com queijo chili e outros alimentos, gastando cerca de US$ 1 mil (R$ 4,8 mil atualmente).
O pai contou que Mason pediu comida de tantos lugares diferentes que algumas encomendas foram recusadas, com alerta de fraude. Já os pratos que foram entregues ficaram na geladeira, e Keith também convidou vizinhos para comer.
(Muitos) hambúrgueres 🍔
Kelsey Golden postou no Facebook uma foto de seu filho de 2 anos e os 31 cheeseburguers que ele pediu em um app de delivery
Reprodução/Facebook
O garoto Barett Golden só tinha 2 anos quando pediu 31 cheeseburguers do McDonald’s pelo celular da mãe.
Morador do Texas, nos Estados Unidos, o menino se aproveitou do celular desbloqueado da mãe e encomendou os sanduíches, que custaram US$ 91,70 (cerca de R$ 450).
Quando os lanches chegaram, a mãe dele, Kelsey Golden, resolveu postar uma mensagem nas redes sociais para oferecê-los de graça aos vizinhos.
Menino de cinco anos fez um pedido em um aplicativo de entrega de comida no valor de R$ 225
Arquivo pessoal
Isso também já aconteceu no Brasil. Em junho de 2020, um menino de 5 anos gastou R$ 225 ao pedir sanduíches em um aplicativo de entrega de comida.
A mãe Erica Batista, que mora na Zona Norte do Rio, contou que deixou o filho Davi em casa com o pai, enquanto foi ao mercado. Quando voltou, chegou praticamente junto com um entregador, que carregava três sacolas cheias de sanduíches para ela.
Ela fez um post nas redes sociais narrando a arte do menino, e os milhares de compartilhamentos ajudaram a alavancar a divulgação do negócio dela, de venda de doces e bolos.
Com o celular da mãe, Tom, de 3 anos, encomendou R$ 400 em lanches no McDonald’s, no Recife
Raíssa Wanderley Andrade/WhatsApp
Alguns meses depois, no Recife (PE), o pequeno Luiz Antônio, na época com 3 anos, aproveitou o momento em que a mãe tomava banho para fazer uma compra de R$ 400 no McDonald’s pelo celular dela.
O pedido rendeu uma “festa” regada a hambúrguer, batata frita e milk-shake para tios, primos e funcionários do prédio.
Roupas e acessórios virtuais 👗
Há dois anos, o g1 também mostrou gastos de crianças em aplicativos nos quais as informações bancárias já estão salvas.
A reportagem ouviu relatos de famílias que gastaram entre R$ 400 e R$ 750 na plataforma de jogos Roblox e tiveram que acionar o Procon para tentar a devolução (veja no vídeo abaixo).
Os jogadores costumam comprar roupas, acessórios, novos rostos para os personagens, danças, movimentos, equipamentos e todo tipo de penduricalho para deixar o ambiente personalizado.
‘Roblox’: Entenda o que é a plataforma de games que virou fenômeno
Como prevenir compras indesejadas
Com um cartão de crédito já cadastrado em sites ou aplicativos, e apenas alguns cliques, as crianças conseguem fazer compras de milhares de reais. Por isso, uma dica é não deixar o cartão de crédito cadastrado em aplicativos ou sites de compra.
“Independentemente de crianças ou não, não é recomendado salvar o cartão de crédito no computador ou na plataforma que se está acostumado a comprar porque há vários casos de vazamento de banco de dados do cartão”, alerta Angelo Sebastião Zanini , coordenador do curso de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
Os pais também podem configurar seus aparelhos para impedir que as crianças façam compras sem autorização, definindo senhas ou outros mecanismos de autenticação, dependendo do dispositivo.
Para Angelo, outra opção é criar um perfil ou página especial no celular para a criança, “só com os ícones do que a criança vai ter acesso para que ela fique induzida a utilizar só o que foi disponibilizado”.
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