Hoje em dia, a Remedy Entertainment é especialmente conhecida pelo seu trabalho em títulos como Control e Alan Wake, que recebe uma sequência em outubro. O que muitas pessoas podem não saber, é que ela foi uma das principais responsáveis pela popularização dos jogos de tiro em terceira pessoa com Max Payne, em 2001.
Nesse último sábado (22), a franquia completou 22 anos desde a sua estreia e ainda hoje carrega uma comunidade fiel de fãs, que estão empolgados pelo remake dos dois primeiros jogos para PC e consoles de nova geração. Nas linhas a seguir, o Voxel relembra alguns dos principais fatos e curiosidades da franquia. Confira!
Um início despretensioso
A franquia Max Payne marcou toda uma geração, desde princípio, pela sua estética noir sombria inspirada em Humphrey Bogart. Na história, os jogadores acompanham o drama do personagem homônimo, um policial aposentado que é acusado injustamente pelo assassinato da sua amada esposa, Michelle.
O jogador o acompanha em uma solitária jornada para limpar o próprio nome, ao mesmo passo em que desvenda os segredos por trás do assassinato. A trama é surpreendentemente cinematográfica para os padrões da época e está repleta de reviravoltas.
O seu tom mais introspectivo e investigativo também ajuda o jogador a criar interesse pelos acontecimentos, pois o aproxima dos eventos — narrados sob a perspectiva do próprio Max, em um formato de história em quadrinhos.
Ao longo dos anos, a franquia se tornou cada vez mais cinematográfica.Fonte: Divulgação/Rockstar Games
Na época, a Remedy contou com um orçamento muito limitado para desenvolver o game. Por isso, não foi possível contratar atores para os diferentes papéis. A solução foi utilizar as pessoas do próprio time de desenvolvimento, amigos e familiares, que passaram a estampar a face dos personagens. E a escolha de palavra não é à toa, pois elas realmente pareciam “carimbadas” nos modelos tridimensionais.
O roteirista do jogo, Sam Lake serviu de modelo para o protagonista e até hoje é reconhecido pelo seu papel. Só no jogo seguinte, Max Payne 2: The Fall of Max Payne (2003), que o time de desenvolvimento teria condições para contratar atores, razão pela qual o rosto do personagem mudou drasticamente.
Isso foi possível porque a Take-Two, a empresa-mãe da Rockstar Games, havia adquirido a propriedade intelectual no ano anterior ao lançamento por R$ 34 milhões. A Remedy Entertainment ainda foi a responsável pelo seu desenvolvimento, no entanto.
Gameplay revolucionária
Mas não era só na narrativa em que Max Payne se destacava. O seu sucesso se deve, sobretudo, às suas mecânicas de gameplay. A mais conhecida delas foi o Bullet Time, que permitia desacelerar tudo em volta para mirar mais precisamente nos inimigos, enquanto realizava saltos acrobáticos.
É uma clara inspiração na série de filmes Matrix, que já havia se popularizado na época, mas Max Payne foi pioneiro ao introduzir a ideia nos videogames. Ainda hoje há resquícios da sua premissa no mercado, e um dos exemplos mais recentes é Red Dead Redemption 2.
Jogabilidade de Max Payne marcou época.Fonte: Divulgação/Rockstar Games
O Bullet Time era um aspecto central da gameplay de Max Payne, pois por vezes surgiam muitos inimigos de locais inesperados. O jogo também era bastante desafiador, pois seus itens de cura eram limitados e os inimigos surpreendentemente miravam muito bem. Por isso, fazer bom uso da mecânica era fundamental para superar os desafios e se locomover com mais segurança pelos cenários.
Os saudosistas também devem se lembrar de como o jogo apresentava uma câmera dramática sempre quando o último inimigo de uma área era derrotado, mostrando o corpo caindo em câmera lenta. Tudo isso colaborava para deixar a experiência extremamente cinematográfica e estilosa.
Um toque brasileiro
Os jogos totalmente localizados em português do Brasil eram uma raridade nos anos 2000, mas Max Payne foi um dos poucos que, naquela época, já possuía dublagem oficial no nosso idioma.
Na ocasião, a dublagem foi encomendada pela distribuidora nacional do game, a CD Expert. O dublador Mauro Castro foi o responsável por dar voz ao protagonista e o resultado foi no mínimo icônico. Toda a direção de dublagem de Max Payne ficou conhecida pela interpretação mais “canastrona”, mas que, ao mesmo tempo, combinava com o universo da obra.
Infelizmente, a dublagem de Max Payne é um patrimônio que acabou se perdendo no tempo, pois o relançamento oficial do jogo na plataforma Steam está disponível somente em inglês. Os lançamentos seguintes também não receberam dublagem no nosso idioma, embora Mauro Castro já tenha manifestado o desejo de reprisar o papel.
Confira abaixo algumas das cenas dubladas de Max Payne:
A franquia também agraciaria o público brasileiro mais tarde, em Max Payne 3 (2012), cujos eventos se passam doze anos após o antecessor. Agora com um Max mais velho e até mesmo careca, a trama se situa quase que majoritariamente na cidade de São Paulo, que teria sido escolhida pelos seus “paralelos” com Nova Iorque.
A novidade repercutiu com bastante entusiasmo na época, visto que seria a primeira vez que um jogo de altíssimo orçamento retrataria nosso país — ainda que sob uma ótica totalmente estereotipada.
No entanto, Max Payne 3 não foi tão bem recebido pelos fãs devido ao seu distanciamento da fórmula da série, especialmente nos aspectos narrativos. Vale lembrar que Max Payne 3 foi o primeiro jogo desenvolvido exclusivamente pelo estúdio de GTA, seguindo a aquisição da marca pela Take-Two em 2002.
Remakes em desenvolvimento
No ano passado, a Remedy Entertainment e a Rockstar Games assinaram um acordo para o desenvolvimento de remakes dos dois primeiros jogos da série, que serão vendidos em um pacote único. O projeto segue em estágio inicial de desenvolvimento, mas é de se esperar que grande parte da equipe focada em Alan Wake 2 seja realocada para acelerar sua produção em breve.
Tudo o que se sabe até o momento é que os jogos chegam para PC, PS5 e Xbox Series, além de serem compatíveis com o orçamento de outros sucessos do catálogo da Rockstar Games, que é quem está financiando a produção.