Kremlin disse também que aplicativo de mensagens é confiável. Pavel Durov, que nasceu na Rússia, foi detido em Paris no fim de semana acusado de não tomar medidas para impedir o uso do Telegram para fins criminosos. Pavel Durov em evento na Indonésia em 2017
Tatan Syuflana/AP
O governo russo criticou nesta terça-feira (27) a prisão do fundador do Telegram, Pavel Durov, e disse que o episódio levou as relações entre Rússia e França ao “nível mais baixo”.
Durov, bilionário nascido na Rússia, foi preso no fim de semana em Paris acusado de não colaborar em uma investigação sobre abuso sexual infantil, tráfico de drogas e transações fradulentas envolvendo o Telegram.
“As relações entre Moscou e Paris estão no seu nível mais baixo”, disse o ministro da Defesa russo, Sergei Lavrov.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também falou da prisão nesta terça e disse que as acusações da França contra Durov são vistas na Rússia como “uma tentativa de restringir a liberdade de comunicação”, a não ser que fossem apoiadas por evidências significativas.
Peskov afirmou também que o Moscou está disposta a fornecer “toda a assistência necessária” ao fundador do Telegram, que nasceu na Rússia mas também tem nacionalidade francesa e dos Emirados Árabes Unidos.
“As acusações são realmente muito sérias”, disse Peskov. “Elas exigem uma base de evidências não menos séria. Caso contrário, serão uma tentativa direta de limitar a liberdade de comunicação.”
Na segunda-feira (26), o presidente francês, Emmanuel Macron, negou motivação política e afirmou que a prisão faz parte de um inquérito judicial.
“Nas redes sociais, como na vida real, as liberdades são exercidas dentro da lei para proteger os cidadãos e respeitar seus direitos fundamentais”, disse o presidente francês, que afirmou tambem haver informações falsas espalhadas sobre o caso
PERFIL: Quem é Pavel Durov, o fundador do Telegram preso na França
Prisão de Durov
O fundador e CEO do Telegram é suspeito de 12 crimes ligados ao aplicativo
Pavel Durov foi preso em Paris no sábado ao chegar em Paris de uma viagem ao Azerbaijão. Na segunda-feira (26), o Ministério Público de Paris afirmou que as investigações que resultaram na prisão apontam que ele é cúmplice de crimes como abuso sexual infantil e fraude, que, segundo a Promotoria, acontecem dentro do aplicativo de mensagens.
No domingo (25), o juiz encarregado do caso prorrogou a prisão preventiva de Durov por até 96 horas, ou seja, até quarta-feira (28), relatou uma fonte próxima do caso à agência France Presse.
A promotora Laure Beccuau afirmou que Durov está sendo interrogado, entre outras razões, pela recusa de comunicar as informações necessárias para diligências autorizadas por lei.
Segundo ela, a prisão é parte de uma investigação aberta em 8 de julho deste ano, que deu continuidade a uma apuração feita previamente por agentes da jurisdição que combate o crime organizado na França, chamada de Junalco.
Essa investigação, que ainda está em curso e é conduzida pelo Centro de Combate ao Crime Digital (C3N) e o Escritório Nacional Antifraude (Onaf), lista 12 crimes:
cumplicidade por administrar uma plataforma on-line que permita transações ilegais feitas por quadrilhas;
recusa de comunicar, diante de pedido de autoridades competentes, informações ou documentos necessários para investigações;
cumplicidade na possessão de imagens pornográficas de menores;
cumplicidade na distribuição, oferta e disponibilização de imagens pornográficas de menores, em grupo organizado;
cumplicidade com aquisição, transporte e posse, oferta ou venda de narcóticos;
cumplicidade na oferta, venda e disponibilização, sem motivo legal, de equipamentos, ferramentas, programas ou dados criados ou adaptados para acessar ou prejudicar a operação de um sistema de processamento de dados automatizado;
cumplicidade em fraude organizada;
associação com crimes ou delitos que preveem 5 ou mais anos de prisão;
acobertamento de crimes ou delitos realizados por quadrilhas;
provimento de serviços de criptografia destinados a garantir funções de confidencialidade sem a devida declaração;
provimento de ferramenta de criptografia permitindo autenticação ou monitoramento sem aviso prévio;
importação de ferramenta de criptografia permitindo autenticação ou monitoramento sem aviso prévio.