Fones de ouvido sem fio: g1 testa 4 modelos que custam até R$ 500


Maior qualidade do som e recursos como cancelamento ativo de ruído e acesso a assistentes de voz estão presentes nos headphones da Aiwa, Edifier, JBL e QCY avaliados. Guia de Compras: fones de ouvido Bluetooth que custam até R$ 500
Bruna Rocha Azevedo/g1
Ouvir música em um fone de ouvido sem fios “grande” faz toda a diferença. A qualidade sonora é melhor e a bateria dura mais que a dos fones pequenos, como os AirPods, da Apple, ou os Galaxy Buds, da Samsung.
O Guia de Compras testou quatro modelos de fones de ouvido bluetooth do tipo “over-ear”, que têm um formato que cobre todo o ouvido.
Na hora de pedir emprestado aos fabricantes, foi feito apenas um único pedido: o preço nas lojas on-line deveria ser, no máximo, de R$ 500.
Os headphones avaliados foram:
Aiwa AWS-HP-02-B
Edifier W820NB
JBL Tune 720BT
QCY H3 ANC
Na comparação com os fones que custam até R$ 300 (veja o teste), os equipamentos são bem melhores.
O acabamento é mais refinado, com mais detalhes para conforto, e recursos como cancelamento ativo de ruído estão presentes em quase todos os produtos, que também têm microfones para uso em ligações e videochamadas.
Plástico é o material principal da estrutura dos quatro fones, com algumas partes dobráveis para transporte. As espumas do arco, quando presentes, e das conchas dos alto-falantes, são de material sintético que lembra (bem de longe) couro.
Só tem um problema: usar esse tipo de fone em dias quentes pode causar algum incômodo e suor, por conta do contato com a pele.
Veja o resultado dos testes a seguir e, ao final, leia a conclusão.
Aiwa AWS-HP-02-B
O Aiwa AWS-HP-02-B oferece uma qualidade sonora boa e alguns diferenciais na comparação com os demais modelos do teste. Tem a função para cancelamento de ruídos, mas não permite uso de um app para ajuste fino do equalizador.
Em setembro, os fones custavam na faixa de R$ 400 nas lojas da internet.
O design do Aiwa é o mais simples dos quatro fones. Ele é o único que não tem uma espuma na parte superior do arco plástico que encosta na cabeça.
A haste é dobrável, para deixar o produto mais fácil de transportar em uma bolsa ou mochila.
Aiwa AWS-HP-02-B dobrado para transporte: o que ficou em menor tamanho para levar na bolsa
Henrique Martin/g1
Os fones cobrem todo o ouvido com conforto. O revestimento deles é feito em um tecido sintético levemente aveludado – bem similar aos dos demais aparelhos avaliados.
O produto pesa 250 gramas, um dos mais pesados do teste, atrás apenas do QCY (263 gramas). É um detalhe simples, mas que faz diferença para passar algumas horas com o headset na cabeça.
São quatro botões no produto: um que liga e desliga os fones e comanda a conectividade/reproduz músicas, dois para avançar/retroceder faixas e um para ativar/desativar o cancelamento ativo de ruído (ANC).
Detalhe dos controles do Aiwa
Henrique Martin/g1
Conectar o AWS-HP-02-B ocorreu de forma fácil e rápida em iPhones e celulares com sistema Android.
O problema é que o fone da Aiwa não tem um app para ajustes de som. A companhia informou que os fones não são compatíveis com o aplicativo presente nas lojas do Google e da Apple. Apenas caixas de som da marca funcionam com o app.
O modelo tem ainda uma entrada do tipo P2, para usar com um cabo conectado a um equipamento de som. A fabricante inclui um cabo de 1 metro na caixa do produto.
A qualidade do som é boa, mas não tanto quanto a encontrada nos modelos da Edifier, da JBL e da QCY – os três competidores oferecem um som mais encorpado e nítido, além de ajustes por app.
Para ouvir música eletrônica, como Jamie XX, e para podcasts, trouxe um bom resultado, sem exagerar nos graves.
O cancelamento ativo de ruído (ANC, na sigla em inglês) ajuda a reduzir barulhos ao redor, como sons de ventiladores, ar-condicionado ou transporte público.
Nos testes com ventilador de teto ligado, ele reduziu, mas não eliminou por completo o som, sem reproduzir músicas. Ao ligar um podcast, o ruído de fundo fica quase imperceptível.
Vale notar que o botão que liga o ANC no modelo da Aiwa pode ficar ligado o tempo todo, sem que os fones estejam conectados a um celular ou computador. É um recurso único entre os headphones avaliados.
Apenas o fone da Aiwa conta com acesso rápido a mordomos digitais, como Siri, da Apple, e Google Assistente. Esse recurso costuma aparecer em fones mais caros.
Segundo a fabricante, a bateria do Aiwa tem autonomia de até 28 horas, a menor dos quatro fones.
É algo em torno de usar uma semana inteira por 5,5 horas ao dia.
Edifier W820NB
O Edifier W820NB é o fone mais caro do teste, custando em torno de R$ 480 nas lojas on-line consultadas em setembro.
Também tem cancelamento ativo de ruído (ANC) e permite ajustes via app, além de oferecer uma qualidade de som muito boa.
Seu design é um pouco mais sofisticado que o do modelo da Aiwa.
O arco superior, como ocorre também no JBL e no QCY, conta com uma espuma para proteger o contato com a cabeça.
Edifier W820NB dobrado para transporte
Henrique Martin/g1
As conchas se viram para dentro para transporte, mas o produto fica “grande” para caber em uma mochila.
Os fones da Edifier pesam 230 gramas, um pouco a mais que os da JBL (220g).
O aparelho conta com quatro botões: liga/desliga, dois que servem para ajustar volume e controlar faixas e um para alternar as funções de som e parear o bluetooth com o celular ou PC.
Detalhe dos controles do Edifier
Henrique Martin/g1
Esse botão de funções permite alternar os modos de uso – ligar/desligar o ANC, ativar o som ambiente (que permite conversar usando o produto enquanto ouve música, sem remover os fones) e um modo de jogo.
Essas funções também podem ser ativadas pelo app Edifier Connect, disponível para iPhone e Android. Por ele é possível também ajustar o equalizador em modos predefinidos (padrão, rock, pop e música clássica).
Uma funcionalidade única no modelo da Edifier são os “soothing sounds” presentes no aplicativo. Quer trabalhar e ouvir música, mas quer um som de chuva ou de floresta ao fundo? Só ativar – tem até opção com miado de gatos.
O modelo conta ainda uma entrada do tipo P2, para usar com um cabo conectado a um equipamento de som. Mas não vem com o cabo – e um dos seus recursos “superpoderosos”, chamado de Hi-Res Audio (áudio de alta definição) só funciona com o P2 ligado.
A qualidade do som é muito boa, melhor que a do Aiwa.
Dá para dizer que, dos quatro fones, é o com os ajustes mais equilibrados na calibração do áudio. Não estoura muito nos graves (isso fica com o JBL e o QCY, o que não é um problema), mas é bastante nítido e claro nos demais tons.
A experiência de ouvir Miles Davis, Anitta ou podcasts nele é bastante agradável.
O cancelamento de ruído é muito bom também, mas quase no mesmo nível do Aiwa e um pouco abaixo do modelo da QCY – que oferece mais ajustes para esse modo de redução de ruídos. O ventilador de teto era perceptível com um volume muito baixo e sumiu quando a música voltou.
A fabricante diz, no seu site, que o W820NB permite uso com assistentes de voz, mas não especifica quais.
A duração de bateria, de acordo com a Edifier, é de até 29 horas com o cancelamento de ruído ativo e até 49h com a funcionalidade desligada.
JBL Tune 720BT
Dá para dizer que o JBL Tune 720BT é o “irmão maior” do Tune 520BT (veja o teste): tem funcionalidades parecidas, oferece mais conforto durante o uso e um som muito bom, com graves fortes.
É o único sem a função de cancelamento ativo do ruído entre os modelos do teste. Mas consegue isolar sons externos de forma bastante eficiente por conta da espuma grossa nas conchas do fone.
Os fones custavam R$ 400 nas lojas da internet pesquisadas em setembro.
No design, ele lembra bastante o 520BT (modelo “on-ear”, que cobre parte dos ouvidos) com a diferença de ter as conchas dos fones maiores.
JBL Tune 720BT dobrado para transporte
Henrique Martin/g1
A haste tem proteção para a cabeça. Para transporte, as duas conchas giram e dobram para dentro.
O modelo pesa 220 gramas, o mais leve dos quatro modelos avaliados.
Os controles incluem um botão de liga/desliga, dois para ajustar volume e controlar faixas e um de funções. O produto vem com um cabo de áudio de 1,2 metro para conectar a dispositivos com fio.
Detalhe dos controles do JBL
Henrique Martin/g1
O app JBL Headphones permite o controle de equalização do som com dois níveis de graves (normal e extremo), que deixa o batidão de qualquer funk bastante forte.
Para demais ritmos – eletrônicos ou clássicos, rock ou sertanejo – os demais ajustes pré-selecionados (club, estúdio, vocal e jazz) deixam os tons mais agradáveis e menos exagerados.
Também é possível alternar entre um modo de áudio inteligente (para chamadas de voz e ouvir música) com maior qualidade de som em vídeo, para aprimorar a sincronia da voz em chamadas pela internet.
A qualidade sonora é muito boa, mas com a ressalva de que é um fone com tons graves que podem ficar bastante fortes no ouvido. Dependendo do gosto do ouvinte, pode soar exagerado.
Se ouvir Charlie XCX ou Billie Eilish, dá para “sentir” os graves, principalmente se a configuração mais alta do equalizador, chamada Extreme Bass, estiver ativada.
Os fones funcionam com assistentes de voz, como a Siri.
E, como ocorre com o modelo da QCY, ele permite conexão a mais de um aparelho – celular e computador, por exemplo, sem precisar parear novamente.
A JBL diz que a bateria dos Tune 520 BT dura até 76 horas com uma recarga, e que cinco minutos na tomada (USB-C) permitem usar o produto por até 3 horas de reprodução de músicas.
QCY H3
Fone mais barato do teste, vendido na faixa dos R$ 350 nas lojas on-line em setembro, o QCY H3 ANC é um fone sem fios com qualidade de som e de cancelamento de ruído muito bons.
O modelo tem as conchas dobráveis para dentro, para usar no transporte. A haste é acolchoada com um material sintético similar ao usado nos outros fones, mas parece mais macio que os dos concorrentes.
QCY H3 dobrado para transporte
Henrique Martin/g1
Os fones são os mais pesados do teste, com 263 gramas. Quatro botões comandam o equipamento (liga/desliga, volume e funções de cancelamento de ruído). O QCY permite o uso de fones padrão P2, mas veio sem o cabo na caixa.
Detalhe dos controles do QCY
Henrique Martin/g1
O app da QCY, para Android e iOS, oferece alguns recursos que os outros apps não têm. O ajuste de equalização tem 6 modos (predefinido, popular, graves, rock, suave e clássico) e um para controle personalizado.
E também deixa alternar entre os modos de cancelamento de ruído – ligado, transparente (para ouvir vozes ao redor) e normal. Os fones contam ainda com um modo para jogos, como o da Edifier.
A qualidade sonora é muito boa, comparável aos fones da Edifier e da JBL, com graves menos pronunciados e um som bastante equilibrado.
Apesar de ter um modo “popular” no equalizador, ouvir músicas de Jorge & Matheus, Liniker ou MC Brinquedo ficaram melhores no estilo predefinido.
O recurso de cancelamento ativo de ruído é o melhor entre os fones que oferecem a funcionalidade (Aiwa e Edifier), com quatro modos distintos: adaptável, locais ruidosos, viagens diárias (uso no transporte público), interior (casa/escritório) e até ruído contra o vento.
O som do ventilador ficou bastante isolado nos modos distintos, e mesmo o som da rua sumiu.
Os fones da QCY podem ser usados conectados a dois dispositivos simultâneos (computador e celular, por exemplo), como o da JBL. E funcionam com assistentes digitais.
Segundo a fabricante, a bateria dos fones tem duração estimada de 60h sem cancelamento de ruído e até 35h com ANC ligado.
Conclusão
Relação custo/benefício: Na comparação entre recursos oferecidos e menor preço nas lojas da internet no fim de setembro, o QCY H3 ANC é a melhor escolha entre os quatro produtos do teste – e ainda tem cancelamento ativo de ruído muito bom.
Melhor qualidade de som: Essa resposta depende do perfil de cada consumidor. Se gosta de música mais popular ou clássicos, o Edifier W820NB é uma escolha mais adequada.
Se a opção for eletrônica, rock ou pop, as melhores opções são o JBL Tune 720BT e o QCY H3 ANC com um “batidão” mais forte.
Como foram feitos os testes
O Guia de Compras solicitou aos fabricantes os modelos mais recentes de fones bluetooth na faixa de R$ 500 ou menos. O recurso de cancelamento ativo de ruído não era obrigatório.
Os aparelhos foram enviados por empréstimo e serão devolvidos.
A Philips não tinha um modelo disponível para emprestar para o teste.
Foram considerados a facilidade de instalação, os recursos disponíveis e os aplicativos para smartphone (ou não). Depois disso, foram horas e horas de música de estilos variados ouvidos no fim de agosto e quase todo o mês de setembro para avaliar a qualidade de som.
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