Nove segundos! Este foi o tempo necessário para Rafael Matos e Luisa Stefani conquistarem o ponto do campeonato no Aberto da Austrália, após uma partida de 1h27. O duelo contra os indianos Rohan Bopanna e Sania Mirza foi concluído em 2 sets a 0, com parciais 7/6 (7/2) e 6/2, e consagrou os brasileiros como campeões do Grand Slam.
Uma semana após o feito inédito do Brasil, de ter uma dupla 100% brasileira como campeã, a lembrança da vitória ainda deixa o gaúcho nascido em Porto Alegre com um sorriso largo no rosto.
“Estou extremamente feliz, é uma vida inteira trabalhando para isso. É difícil de explicar e mensurar esse sentimento”, comemora o tenista de 27 anos, em entrevista exclusiva ao R7.
Ele começou a jogar tênis em 2002, aos 6 anos, quando passava as férias em Xangri-lá, litoral do Rio Grande do Sul, e se dedicou ao esporte. Em 2014, foi vice-campeão da chave juvenil de duplas do Aberto dos Estados Unidos, ao lado de João Menezes.
O tenista confessa que, na véspera da decisão na Austrália, estava tranquilo mas logo que acordou, foi invadido pelo nervosismo. Enquanto fazia os treinos pré-jogo de rotina, se acalmou. Ao falar sobre as táticas da partida na Rod Laver Arena, tudo voltou.
“Foi um mérito nosso [controlar a emoção e vencer]. Eu e a Luisa estávamos nervosos e jogar com nervosismo é difícil. Nós não podemos controlar que ele [nervosismo] venha, mas podemos decidir o que vamos fazer com ele”, confessou.
Rafael e Luisa: uma dupla campeã
Depois que Rafael foi eliminado da disputa das duplas masculinas e Luisa não pôde competir nas duplas femininas, os brasileiros focaram nos confrontos mistos. Eles passaram a aquecer e treinar juntos todos os dias e contaram com o apoio de suas equipes, que também se concentraram para o sucesso no Grand Slam.
“A United Cup, no início do ano, ajudou bastante a gente porque nunca tínhamos jogado juntos. Foi bom para ter um entrosamento”, explica o gaúcho, que também comenta que a ideia de formar uma dupla com Stefani partiu dele.
Próximo ao início do Aberto dos Estados Unidos de 2022, em agosto, quando a paulistana se recuperava de uma grave lesão no joelho direito, Rafael entrou em contato com a tenista e perguntou se ela disputaria o torneio, para que formassem uma dupla.
Infelizmente, a atleta não estava plenamente recuperada, mas confiou que entraria em contato com a futura dupla assim que retornasse às quadras. E aconteceu. Em dezembro de 2022, eles acertaram a dupla para o Aberto da Austrália.
Apesar do sucesso com a dupla brasileira, o tenista revela que prefere jogar contra brasileiros: “Sempre que dá, eu tento jogar contra brasileiros. Acredito que é diferente a conexão e a energia que nós temos”.
Título na Austrália é “combustível” para o ano
Com o título no torneio, Rafael se sente motivado para o ano que está pela frente e para continuar a trabalhar duro.
“As expectativas são boas. Venho de um bom ano passado, eu e o David [Vega] nos fixamos nos ATPs. Fizemos bons torneios e Grand Slams. Agora, é pegar a confiança com esse título [no Aberto da Austrália] e passar para os próximos”, disse.
Por mais que tenha a ambição de conquistar mais títulos e chegar aos Jogos Olímpicos de Paris em 2024, o tenista se concentra nos torneios que estão mais próximos e espera manter a parceria com Stefani, que conquistou a medalha de bronze em Tóquio 2020.
“Pretendemos seguir juntos. O próximo torneio será em Roland Garros [em Paris, na França] no meio do ano. Ficamos empolgados sobre Paris 2024, é uma meta, mas vamos um passo de cada vez, Roland Garros é o próximo torneio”, reforça.
Rafael Matos disputa neste sábado (4), a partir das 10h30 o duelo das duplas na Copa Davis no Costão do Santinho, em Florianópolis. Com Felipe Meligeni, enfrenta os chineses Rigele Te e Ze Zhang. A competição marca o confronto entre o Time Brasil e o Time China, e é válido pelos playoffs do Grupo Mundial I. Thiago Monteiro, Matheus Pucinelli e Gustavo Heide também foram convocados para a equipe brasileira.
Tenista mais polêmico do mundo revela problemas com álcool no início da carreira